Após sua experiência de iluminação, Sri Nisargadatta Maharaj começou a viver uma vida dupla: ele continuava conduzindo seus negócios, mas não era mais o mercador preocupado com o lucro. Mais tarde, decidiu abandonar sua família e sua loja (como é costume na Índia) e viver como peregrino. Com os pés descalços, se encaminhou para os Himalaias onde planejava passar o resto de seus anos em busca da vida eterna. Mas logo retrocedeu e percebeu a futilidade dessa busca. A vida eterna não era algo para ser desejado. Ele já a possuía. Tendo ido além da idéia de "eu sou este corpo", ele penetrou num estado mental tão cheio de alegria, paz e glória, que qualquer coisa lhe parecia inútil, comparado a essa sensação.
Embora sem instrução, seus diálogos são iluminadores num grau extraordinário. Apesar de ter nascido e crescido na pobreza, ele era o mais rico dos homens, pois era dono de uma ilimitada abundância de conhecimento perene. Ele era caloroso e gentil, perspicaz e bem-humorado, absolutamente sem medos e totalmente verdadeiro, inspirando, guiando e dando suporte a todos que o procuravam.
Sri Nisargadatta Maharaj possuia uma maneira lógica e perspicaz de apresentar os ensinamentos. Seu tom desafiador, seu pouco caso das tradições e crenças religiosas, e sua maneira profunda e radical de abordar os temas eram traços característicos de seus diálogos. Seu estilo de ensinamento era a discussão profunda – e muitas vezes acalorada – que servia como um espelho para que os visitantes vissem suas próprias ilusões claramente e compreendessem a verdade.
Para Nisargadatta Maharaj existia apenas dois caminhos: o caminho da fé absoluta na Verdade, agindo e vivendo em conformidade com ela, e o caminho de voltar-se completamente para o sentimento “eu sou” (semelhante à inquirição ensinada por Ramana Maharshi e seus discípulos). Maharaj também colocava bastante ênfase na compreensão da verdade. Abaixo vão alguns trechos retirados do I Am That, de minha livre tradução.
O mundo é somente um show, cheio de glitter e vazio. Ele é, e ao mesmo tempo não é. Ele está lá pelo tempo que eu queira vê-lo e tomar parte nele. Quando eu deixo de me importar, ele se dissolve. Ele não tem qualquer causa e não serve a
qualquer propósito. Ele só acontece quando estamos mentalmente-ausentes. Ele se parece exatamente com o que é, mas não há qualquer profundidade nele, qualquer
sentido. Somente o sobre-observador é real, chame-o Eu ou Atma. Para o Ser, o mundo não é mais que um show colorido, o qual ele curte “infinitamente” enquanto dure, e o esquece quando ele se vai. O que quer que aconteça no palco o faz encolher-se aterrorizado ou rolar no chão de rir, e ainda assim todo o tempo ele está atento de que tudo é apenas um show. Sem desejo ou medo, ele o aprecia tal qual ele se
apresenta.
Você me vê aparentemente funcionando. Na realidade, eu somente olho. O
que quer que seja feito, é feito no palco. Contentamento e tristeza, vida e morte, eles
todos são reais para o homem delimitado; para mim, eles estão todos no show, tão
irreais quanto ao show em si mesmo. Eu posso perceber o mundo como você, mas
você acredita estar nele, enquanto eu o vejo como uma gota iridescente na vasta
extensão da consciência.
Tudo o que vive, trabalha para perpetuar e expandir a consciência. Este é
todo o significado e propósito do mundo. Ë a verdadeira essência do Yoga - sempre
elevando o nível de consciência, descoberta de novas dimensões, com suas
propriedades, qualidades e poderes. Neste sentido, o universo inteiro se torna uma
escola de Yoga.
Você se imagina sendo e fazendo tudo idêntico. Não é assim. A mente e o
corpo movem-se e mudam e causam movimentos e mudanças em outras mentes e
outros corpos, e isso é chamado de fazer, de ação. Eu vejo que é da natureza da ação
criar outra ação, como fogo que continua queimando. Eu não ajo nem sou causa de
outros agirem; eu estou constantemente alerta do que acontece.
Nada é feito por mim, tudo acontece simplesmente. Eu não espero, eu não
planejo, eu simplesmente assisto os eventos acontecendo, sabendo-os irreais.
É como seu gravador. Ele grava, ele reproduz – tudo por si mesmo. Você
somente ouve. Similarmente, eu assisto a tudo que acontece, inclusive meu conversar
com você. Não sou eu quem conversa, as palavras aparecem em minha mente e então
eu as escuto sendo ditas.
Se quiser ler mais visite:
http://www.advaita.com.br/Nisargadatta/ensinamentosnisargadatta.htm
Biografia: retirada do livro "Eu sou aquilo"
Queila querida!
ResponderExcluirQue lindo! Que figura interessante!
Vou já "caçar" mais sobre ele...
Acaso não existe!
Adorei as sugestões pra cozinha.
E aí vem de novo no final do ano?
Super beijo.
Baísa