quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Criação do mundo pelo baiano





No princípio, era a Bahia...

E Caetano disse:
- Faça-se o Pelô!

E Gil arguiu:
- Enfim, sob o prisma transitório da protomatéria nasciva, enfim, tendo em mente as palavras de Arjuna a Krishna e toda a prosódia popular do cancioneiro, enfim, ademais considerando-se as premissas da Escola Bauhaus e a biosfera como um todo, enfim...

E aquela discussão se arrastou por um bilhão, novecentos e trinta e quatro milhões, noventa mil, duzentos e trinta e sete anos. Um tempo tão dilatado que, nesse período, Caymmi chegou a descer da rede e fazer dois versos.

E enfim o Pelô ficou pronto e Caetano disse:
- O Pelô é lindo, Dona Canô é linda, eu sou muito mais lindo e a mulata não é a tal.

E Caetano criou a fauna e a flora: um leãozinho, uma camaleoa, uma tigresa, uma vaca de divinas tetas, o capim rosa-chá e, sob a influência de Gil, um abacateiro.

E Caetano achou Odara. Mas o diabo não:
- Coisa insossa! O homem vai viver nesse paraíso sem se perturbar? Não! Vamo fazer trios elétricos e inventar a axé music, pô! Todo o mundo tem que sofrer um pouco!

Mas logo o diabo se calou, porque viu ACM e saiu correndo com medo. E ACM disse:
- Faça-se o Estado! E as empreiteiras. E os cargos comissionados. E o homem. E que o homem tenha o sobrenome Magalhães e cresça e se reproduza e acumule com meus apadrinhados todas as funções públicas.

E assim foi.

Mas, como o primeiro baiano estivesse se sentindo muito só, Caetano achou por bem lhe dar uma companhia. E de sua costela fez um outro homem. E Caetano achou lindo. E Luiz Mott também.

Mas Jorge Amado interveio:
- Ô, meu pai, não dava pra fazer um negocinho mais agradável, não? Algo assim que envolvesse seios e xibiu, por exemplo?

E Caetano aquiesceu, porque Jorge é lindo. E da trança rastafári do baiano fez a baiana. E eles viveram felizes durante muito tempo, até que Banda Eva, a primeira baiana, comeu o caju proibido e os dois foram expulsos da Bahia e mandados num pau-de-arara para o Rio.

E ali eles frutificaram, e Banda Eva teve uma filha, Bebé, prima de Lili, irmã da vizinha do primo de Cacá, cunhada da nora do avô de Juju, amante do irmão da lavadeira do genro de Dodô, primo de...

Mas aí já é outra história, mais extensa, que não caberia num livro tão curto quanto a Bíblia.


Fonte: www.nublog.com.br

O Poderoso 'EU'




A ilusão do falso self (o ego) é criado e mantido pelo pensamento mais convincente de todos: o 'Eu'. Quando pensamos 'Eu...', realmente acreditamos que é isso que existe. Por exemplo, quando pensamos 'Eu gosto de clima quente' ou 'Eu quero um carro novo', realmente acreditamos que esta preferência ou desejo é verdadeiro prá gente. Define ou identifica a gente: Eu sou alguém que gosta de clima quente e quer um carro novo. Ou se pensamos 'Eu me sinto perdido', realmente acreditamos que isso é verdadeiro - e tem um propósito. Não vemos que é apenas um pensamento, que ao se dar crédito se torna verdadeiro - como uma auto-profecia. Parece verdadeira porque acreditamos nela, mas intrinsicamente não é um fato. É apenas um pensamento no final das contas.










De onde vem os pensamentos? Eles aparecem sem mais nem menos. Apenas porque um pensamento surge na nossa cabeça não significa que é mais verdadeiro do que aqueles que surgem na cabeça de outra pessoa. Entretanto, nos agarramos a eles - identificamos com eles, como 'Eu sinto' ou 'O que eu gosto'. Mas quem é esse 'Eu'?













É verdade que você é o que os seus pensamentos descrevem? Seus pensamentos descrevem você e lhes dá uma sensação de ser de uma certa maneira, mas quem eles estão descrevendo? Eles não estão apenas descrevendo um personagem que você se identifica como sendo você, que gosta de certas coisas, que tem certos sonhos e desejos, que acredita em certas coisas, que se vê de uma certa maneira? É isto o que você realmente é ou é o personagem que está interpretando?

Quem é que está consciente desses pensamentos que definem 'você'? Quem é realmente que lê este texto e move seu corpo, respira, ver, toca, cheira, experimenta a vida? O personagem faz isto ou existe algo mais aqui que é verdadeiro, que está puramente experimentando a vida, sem idéia do que seja gostar ou não-gostar, querer ou não-querer?






















A mente cria o personagem com pensamentos sobre o 'Eu. Quando acreditamos nesses pensamentos (que são muito, muito convincentes), começamos a sentir, pensar e agir como esse personagem. Isto é o self falso ou condicionado, e é derivado em grande parte dos pensamentos sobre o 'Eu'. Quanto mais fortemente você acredita nesses pensamentos mais poderosa é a ilusão do self.







Quando evoluímos como humanos, aprendemos que devemos levar esse personagem menos à sério, até podemos fazer piada dele ou mesmo curti-lo. Eventualmente acordaremos desse sonho e veremos que foi criado pela crença em nossos pensamentos. Enquanto isso e por todo esse tempo, o Ser que realmente somos tem estado em nossas vidas, vivendo, respirando, movendo, falando e agindo através do nosso corpo-mente. Esse Ser deixa-nos fingir que somos o personagem que pensamos que somos, mas esse Ser não é o personagem e sim a Consciência por trás dessa vida e de todas as outras.





Sim, o pensamento ‘Eu’ é extremamente convincente. Se não fosse assim, a ilusão de ser alguém não poderia ser mantida. Eventualmente, o “Eu’ é visto como sendo uma ilusão, e a vida e o personagem continuam, mas agora como mais alegria e facilidade, e com amor a esse personagem e todos os outros, porque a verdade foi desvendada. Nós todos somos feitos da mesma Consciência, e só interpretamos papéis diferentes. Que maravilha!
Texto: Gina Lake
Tradução: Queila Levinstone

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