segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A Porta Para o Divino

A porta para o divino é a espontaneidade. Ser espontâneo é ser divino. A mente nunca é espontânea, ela está sempre no passado ou no futuro, está naquilo que já foi ou naquilo que ainda não aconteceu. Entre um e outro, ela perde aquilo que é - ou seja, a porta presente.










O momento presente não é parte do tempo, por isso a mente não pode acessá-lo. Mente e tempo são sinônimos. Você pode dizer que a mente é o tempo dentro de seu ser, e o tempo é a mente fora de você, mas eles são um único fenômeno.









O momento presente não é parte do tempo nem da mente. Quando você está no momento presente, está em um estado divino. Esse é o verdadeiro significado da meditação, o verdadeiro significado da oração, o verdadeiro significado do amor.






E, quando você age no momento presente, essa ação nunca é escravizadora, porque não é sua: é o divino agindo através de você, é o divino fluindo através de você.




Texto: Osho

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Divino Maravilhoso!


Atenção ao ver a mariposa buscando a luz na porta do seu quarto.
Atenção menina, que alegria!

Você viu?,

Atenção, precisa ter olhos firmes

Pra este sol, para esta escuridão






Atenção

Tudo é perigoso

Tudo é divino maravilhoso

Atenção para o momento

É preciso estar atento e forte

Não temos tempo de temer a morte






 


 Atenção para a porta no alto


Atenção ao olhar o céu, as nuvens

Atenção para a luz, a cor, a insustentável leveza do Ser








É apenas uma das faces da Unicidade.
Nas outras... ela sou eu, é tu , é a terra e o mar...
É divino Marvilhoso!!!!!


Fotos: Nascer do Sol na porta do meu quarto
Texto: Caetano me emprestou sua genialidade

domingo, 17 de outubro de 2010

Entre...Linhas

Crochê... linhas... pontos...
Vem e vai, segura e solta
Se alinha e se aninha
A trama cresce, a mente voa...





A forma se forma, e a mente se espreita
As cores se coram, e a mente viaja
A paciência tece vagarosamente
Vence caminhos quase que infinitos
Mas a mente pula, corre, saltita inquieta

Eis que de repente, sem muito esperar
A peça aparece





Cria vida, ocupa um canto
Linda, única, pessoal.



E a mente...
Bem,
essa criou, imaginou, retou, desmanchou,
entediou,
mas a única coisa que não conseguiu,
mesmo com toda essa meditação-terapeutica-crochetiana,
foi se calar.

Mas um dia o crochê consegue essa façanha!


domingo, 8 de agosto de 2010

No Vazio Luminoso do meu Irmão

                A flor caiu


                Estatelada lá na

                Cacimba, barrenta.



A araponga custipiu no priquito.

Pôxa, Nancy!

Foi um truvejo de dá dó.

A passarinhada rebimbou

No horizonte. Nunca vi   Coisa igual.





A lagartixa espichou,

                                                                 Olhando de soslaio

                                                              O apocalipse desnudar

                                                              Na planície.

                                                               Eis que... o calango

Correndo entre umas

Folhas secas, trupicou

Na margarida que foi                

Estatelar lá

No fundão da cacimba

Barrenta.



O amor de índio

É uma brincadeira constante



                          
 
Poesia: Gélbio Melo
Arte: Queila Levinstone

sexta-feira, 19 de março de 2010

Avatar e a saga da Floresta Amazônica




O cenário é extraordinário, a imaginação é infinita, os detalhes soberbos de tão perfeitos, mas a história...
é a velha fórmula do bem contra o mal, mas acho que o ser humano está  tão inserido na dicotomia dos opostos, que não pode fugir deles. Enfim...gostei muito da primeira hora do filme e depois achei entediante e jamais o colacaria na lista de melhor filme do ano.
Deixando as críticas de lado, hoje me deparei com a visão de Marina Silva sobre o filme Avatar e  a comparação com a floresta Amazônia. Achei interessante e resolvi divulgar parte do texto.






"Teve um momento, vendo Avatar, que me peguei levando a mão à frente para tocar a gota d´água sobre uma folha, tão linda e fresca. Do jeito que eu fazia quando andava pela floresta onde me criei, no Acre.

A guerreira na’vi bebendo água na folha como a gente bebia. No período seco, quando os igarapés quase desapareciam, o cipó de ambé nos fornecia água. Esse cipó é uma espécie de touceira que cai lá do alto das árvores, de quase 35 metros, e vai endurecendo conforme o tempo passa. Mas os talos mais novos, ainda macios, podem ser cortados com facilidade. Então, a gente botava uma lata embaixo, aparando as gotas, e quando voltava da coleta do látex, a lata estava cheia. Era uma água pura, cristalina, que meu pai chamava de água de cipó. E aprendíamos também que se nos perdêssemos na mata, era importante procurar cipó de ambé, para garantir a sobrevivência.

É incrível revisitar, misturada à grandiosidade tecnológica e plástica de Avatar, a nossa própria vida, também grandiosa na sua simplicidade. Sofrida e densa, cheia de riscos, mas insubstituível em beleza e força. Éramos muito pobres, mas não passávamos fome. A floresta nos alimentava. A água corria no igarapé. Castanha, abiu, bacuri, breu, o fruto da copaiba, pama, taperebá, jatobá, jutai, todas estavam ao alcance. As resinas serviam de remédio, a casca do jatobá para fazer chá contra anemia. Folha de sororoca servia pra assar peixe e também conservar o sal. Como ele derretia com a umidade, tinha que tirar do saco e embrulhar na folha bem grande, que geralmente nasce em região de várzea. Depois amarrava com imbira e deixava pendurado no alto do fumeiro para que o calor mantivesse o sal em boas condições. Aprendi também com meu pai e meu tio a identificar as folhas venenosas que podiam matar só de usá-las para fazer os cones com que bebíamos água na mata.



O filme foi um passeio interno por tudo isso. Chorei diversas vezes e um dos momentos mais fortes foi quando derrubam a grande árvore. Era a derrubada de um mundo, com tudo o que nele fazia sentido. E enquanto cai o mundo, cai também a confiança entre os diferentes, quando o personagem principal se confessa um agente infiltrado para descobrir as vulnerabilidades dos na’vi. E, em seguida, a grande beleza da cena em que, para ser novamente aceito no grupo, tem a coragem de fazer algo fora do comum, montando o pássaro que só o ancestral da tribo tinha montado, num ato simbólico de assunção plena de sua nova identidade.


Impossível não fazer as conexões entre o mundo de Pandora, em Avatar, e nossa história no Acre. Principalmente quando, a partir da década de 70 do século passado, transformaram extensas áreas da Amazônia em fazendas, expulsando pessoas e comunidades, queimando casas, matando índios e seringueiros. A arrasadora chegada do “progresso” ao Acre seguiu, de certa forma, a mesma narrativa do filme. Nossa história, nossa forma de vida, nosso conhecimento, nossas lendas e mitos, nada disso tinha valor para quem chegava disposto a derrubar a mata, concentrar a propriedade da terra, cercar, plantar capim e criar boi. Para eles era “lógico” tirar do caminho quem ousava se contrapor. Os empates, a resistência, a luta quase kamikaze para defender a floresta, usando os próprios corpos como escudos, revi internamente tudo isso enquanto assistia Avatar.


Pode-se até ver no filme um fio condutor banal, uma história de Romeu e Julieta intergalática. Não creio que isso seja o mais importante. Se os argumentos não são tão densos, a densidade é complementada pela imagem poderosa e envolvente, pelo lúdico e a simplicidade da fala. Se houvesse uma saturação de fala, de conteúdos, creio que perderia muito. A força está em, de certa maneira, nos levar a sermos avatares também e a tomar partido, não só ao estilo do Bem contra o Mal, mas em favor da beleza, da inventividade, da sobrevivência de lógicas de vida que saiam da corrente hegemônica e proclamem valores para além do cálculo material que justifica e considera normais a escravidão e a destruição dos semelhantes e da natureza."


Para ver o texto completo : http://www.minhamarina.org.br/blog/2010/03/avatar-e-a-sindrome-do-invasor/

quinta-feira, 11 de março de 2010

Ayrson Heráclito - um mano qualquer

Orgânico, controverso, poético, destemido, mas sobretudo simples, catingueiro e ao mesmo tempo freudiano - esse é meu amigo de longos tempos, de longos papos, das pedrinhas e prá nao dizer que nao falei das flores - Ayrson Heráclito, para o mundo e Freud prá mim.





Freud é um desses seres que impressiona, que encanta, que contagia; tanto pela sensibilidade, inteligência, veia artística e sobretudo, pela doçura beija-flor: aquele passarinho pequeno mas extremamente forte e veloz.




Só agora recente é que reencontrei essa figura e fiquei a par de suas peripécias artística-culturais, daí a vontade de propagar essa luz para os confins do meu mundinho virtual.
                                                           

Artista Visual , pesquisador e curador. Suas obras, que transitam pela instalação, fotografia, audiovisual e performance, lidam com frequência com elementos da cultura afro-brasileira e já foram apresentadas em mostras nacionais e internacionais: Bienais,Salões, Exposições individuais, e festivais de arte eletrônicas, como a 3 Bienal do Mercosul ( Porto Alegre)2001, Design 21 (Nova York) 2001 e o MIP2 - Manifestação Internacional de Performance (Belo Horizonte) 2009. possui obras em acervos no Museum der Weltkulturen Franfurt na Alemanha, no Museu de Arte Moderna da Bahia, no Videobrasil e em diversas coleções particulares.

Imerso no orgânico, Ayrson vem se lambuzando de açucar com afeto, de tabaco e alforria, sempre preocupado com as raízes negras, brancas, verdes, amarelas, sem cor ou de cor qualquer, ou de cor da terra esquecida nos murais hipócritas dos homens. 

Esse é o  Projeto SACCHARUM MAM- BA



Um deus negro sentado sobre uma saca de açúcar com dreadlocks de fumo de rolo, nina em um quase transe, um pequeno barco de papel feito de uma carta de alforria.

Só prá contrariar, ele se veste de carne prá desnudar a própria carne e expor a violência sofrida nos idos da escravidão passada e atual. É a performance “A Transmutação da Carne”, apresentada no Instituto Cultural Brasil Alemanha (2000). Tudo feito em carne, costurada com barbante.





E no Mip 2 - Bori


 a pipoca poca...



 o quiabo escorrega,



a batata é doce,

o feijão maravilha tutancamon 



o milho desboneca


e lá , no meio do reino vegetal encantado, o guerreiro comanda...







respeitosamente, ritualisticamente, ecumenicamente. Uma mistura de força e espírito criativo do artista, do homem, do Ser.
 
 
                                                                                                                                                               Esse é uma pequena mostra desse universo Heráclito- freudiano que é ao mesmo tempo doce, melado, salgado, gostoso, erótico e bonito de se ver.
 
 
Obrigada amigo por aparecer na minha vida mais uma vez.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Poesia Saiu

A poesia saiu
Foi à rua colher vidas                                              
Foi
Foi colher canções
Afiadas, rimadas em ódio e amor
Foi
Foi além do poeta que cisca no quintal
Foi beber as pessoas do copo
Foi lá
Foi lá ver os cães abandonados
Foi sentir as guerras das torcidas
Foi foi
No gol rasgando a rede
Foi na mata já quase morta colher uma asa
Foi no rio perguntar se lá mora peixe
Foi saber da amada se ela ama
Foi também perguntar ao pastor se a ovelha negra é branca
Ou branca é negra – preta batina, preto paletó
Foi
Saiu assim pela fresta da porta
E só soube pelo latido do cão,
Que a conhece morando ali,
Bem perto da pisada de formiga
No chão de mim, de outros e tantos
Foi...



Retornou certo dia                                              
E lhe perguntei:
- Que trouxe de sua vinda?


Simplesmente respondeu:


- Trouxe palavras para encher
Algum vazio que ora chegue a tua folha
Onde os homens pisoteiam
Trazendo amor e ódio.
Trouxe a marca de quem sente
Trouxe uma nuvem que guarda água
Trouxe um olho que chove
Trouxe uma faca para sangrar,
Pois às vezes, a palavra não corta,
Como deveria cortar.
Trouxe na verdade,
Um poeta por obrigação de gente.


Seja poeta então,
Amigo Jean.



JeanClaudio
24/02/10

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Dora Maar, a musa inspiradora

Foram sete as mulheres oficiais de Picasso, mas Dora Maar,  repetidamente retratada por ele, lhe rendeu alguns de seus mais expressivos trabalhos.


                         

 
 
No inverno de 1936, uma mulher morena de cabelos pretos e olhos verdes, sentada no Deux-Magots, restaurante que o pintor freqüentava, lhe chamou a atenção. Dora Maar era atraente e não convencional. 
Ela tinha 27 anos e ele 55 quando se conheceram. Pintora, fotógrafa e inteligente, foi amante de Picasso por sete anos. Incentivou-o a assumir posicões políticas contra os governos de força, e em 1937 teve papel fundamental na execução de Guernica. Ela fotografou passo a passo a produção, ajudou a concebê-lo e até a pintá-lo.
 
 




Passaram juntos os anos de ocupação da França na Segunda Guerra, quando Picasso foi proibido de realizar exibições. No período, Dora aparece em vários telas. No início, ele a pintava mais realisticamente, depois, as mais marcantes, mostram uma mulher desfigurada, chorando, beirando à monstruosidade.



                      




















Um dos quadros de Dora Maar, pintado em 1941 foi vendido em 2006 pelo preço de mais de 95 milhões de dólares. Não se sabe quem foi o comprador!




  Conta-se que, quando Picasso, então com 60 anos, conheceu Françoise Gilot, que tinha 23, sua mulher, Dora Maar, comentou que ele repetia com todas uma mesma técnica de conquista, dizendo: “Sabia que antes de você nascer eu pintei o seu rosto? Quando você anda pelas ruas, nunca lhe disseram que você é um quadro de Picasso?”
 
 
                    
 
    Picasso exercia um magnetismo tão grande sobre suas amantes que a vida realmente deixava de fazer sentido sem ele. Costumava se retratar como um minotauro, um ser monstruoso, fruto de amores que vão além do entendimento, protagonista de relações violentas, eróticas e cruéis. Foi essa sexualidade selvagem que transpirou pelo desenho de suas mulheres. Na Paris do século passado, Picasso devorou pessoas e eventos com grande paixão, e transformou-as em arte.
 
 

 
Dora Maar, foi a amante que mais sofreu com a separação. Trocada por Françoise Gilot, entrou em processo esquizofrênico e foi internada num hospital para doentes mentais. Depois, passou anos reclusa num convento. Morreu sozinha em seu apartamento, em Paris, aos 90 anos.
 
 




Para saber mais: http://historianovest.blogspot.com/2009/07/as-mulheres-de-picasso.html

 
 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Viver a Vida

A vida é sem propósito. Não fique chocado. Toda ideia de propósito é errada — origina-se da ganância.







A vida é pura alegria, contentamento, diversão, riso — sem qualquer propósito absolutamente. A vida é a sua própria meta, não há nenhuma outra meta.

















No momento em que você compreende isso você compreendeu o que é meditação. É viver a sua vida prazerosamente, divertidamente, totalmente, e sem nenhum propósito no final, sem nenhum propósito em vista, nenhum propósito absolutamente.








Exatamente como as criancinhas brincando na praia, pegando conchas e pedras coloridas — com que propósito? Não há absolutamente nenhum propósito.





Fonte: http://www.palavrasdeosho.com/2010/02/meditacao-e-viver-alegremente.html


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Carnaval na Bahia - parte II, A missão.

Eu nem estou lá esse ano, mas nada me deixa esquecer a Bahia, o carnaval, os 60 anos do trio elétrico, os 25 anos do axé e por aí vai. E nessa folia toda ,continua tudo como antes no quartel de Abrantes: discriminação, industrialização, contradição, cordão, povão, mas sobretudo celebração, por que não?
Portanto, vamo pular, vamo pular,  vamo pular...

Como diz o jornalista  ZédeJesusBarreto: "Na folia, tudo está explícito, nas fuças, caviar e crack, a servir. Paetês e bunda de fora. Heliporto próximo ao camarote e isopor imundo na cabeça, beijo na boca e bala perdida.
Senhor do Bonfim que nos cubra e nos proteja. Que os nossos orixás cuidem da alegria, não permitam o pior. Até a tarde de quarta-feira, quando tudo vira cinzas."

E que venha a diversidade ! (boa ou ruim...faz parte)


Os 60 anos do trio         



O Trio Elétrico de Dodô e Osmar foi a maior inovação do Carnaval da Bahia. Criado em 1950, o trio elétrico representa a consagração do carnaval de rua. A primeira apresentação foi feita em cima de um Ford 1929, apelidado de “fobica”, com guitarras elétricas e som amplificado por alto-falantes, às cinco da tarde do Domingo de carnaval. O desfile aconteceu no Centro da cidade arrastando uma verdadeira multidão.

25 Anos de Axé
A axé music, gênero musical que nasceu na Bahia, se solidificou no Brasil e conquistou o planeta, completa 25 anos de existência em 2010 e continua gerando polêmica. Resultado de uma rica fusão de ritmos (rock, forró, frevo e a inconfundivel batida afro), move apaixonados e revolta alguns que se dizem ‘amantes da boa música’.






Os mais apaixonados resumem dizendo aos quatro ventos que essa é uma expressão musical única, inconfundivel, que contagia e faz a multidão pular que nem pipoca. Os que odeiam o gênero argumentam: com sua massificação, mais acentuada a partir do boom dos anos 90, a axé music tornou-se um vilão ao suprimir outros tipos de expressão cultural.

Passada a febre inicial, o axé ainda reina, é inegável, mas os mais odiosos tendem a acalmar os ânimos e reconhecer: se a massificação prejudicou outras expressões culturais, a axé music serviu e serve, ao menos, para levar aos quatros cantos do mundo um pouco do que a Bahia é, e disseminar os chamados ritmos afrobaianos (distorcidos ou não, massificados ou não).



De Luiz Caldas a Ivete Sangalo, da Banda Mel a Jau Peri, a axé music passou por diferentes momentos, mas permanece sinônimo de festa e diversão. Então, polêmicas à parte, viva a axé music!



 
 
 
 
 
  Filhos de Gandhy

Com seus trajes brancos, os Filhos de Gandhy embelezam os caminhos por onde passam, formando um tapete branco de fé e tradição. O bloco, que já desfila na avenida há mais de 60 anos, tem uma história que começa em 1948, quando os estivadores eram tidos como privilegiados, devido às condições econômicas da época que lhes favorecia e ao fato de não terem patrões.

Nesse ano, foi fundado o bloco Comendo Coentro, no qual um caminhão seguia pelas ruas com vários instrumentos musicais acompanhado dos estivadores, trajados finamente com o que de mais elegante existia: roupas de linho importado, chapéus Panamá e sapatos Scamatchia.



Já em 1949, com a política de arrocho salarial, numa economia de pós-guerra, o governo federal interviu no sindicato dos estivadores, o que fez decair a renda dos sindicalizados. Com a crise financeira, o "Comendo Coentro" não pôde sair às ruas, então surgiu a ideia de levar um "cordão", ou bloco de carnaval, idealizado por Durval Marques da Silva, o "Vava Madeira", com o apoio dos demais estivadores.

Eles arrecadaram dinheiro e compraram lençóis para serem utilizados na confecção dos trajes, barris de mate e couro, com os quais construíram os tambores utilizados no acompanhamento do cortejo. Surgiu então o bloco Filhos de Gandhy, cujo nome foi sugerido por "Vava Madeira", inspirado na vida do líder pacifista Mohandas Karamchand Gandhy. No entanto, trocou-se a letra "i" por "y", para evitar possíveis represálias pelo uso do nome de uma importante figura do cenário mundial. E foi assim que surgiu o bloco que encanta os foliões em Salvador.

Olodum


Batida inconfundível e contagiante que há 30 anos arrasta uma verdadeira multidão pelos quatro cantos do mundo. A banda Olodum fascina pela musicalidade, beleza e energia. São 19 ao todo: 10 percussionistas, 03 cantores e 06 músicos de harmonia, que fazem o povo balançar com o samba-reggae - criado pelo maestro Neguinho do Samba.

Com todos esses anos de carreira e sucesso, o Olodum já esteve em 35 países do mundo e, por onde passa, levanta a bandeira da luta contra o preconceito e a discriminação racial. As parcerias com grandes astros da música, como Paul Simon, Michael Jackson, Jimmy Cliff e Ziggy Marley, renderam ao grupo admiradores que lotam shows e ensaios. Até hoje, nenhuma outra banda de percussão conseguiu reunir 750 mil pessoas no Central Park, ou ainda dois milhões de pessoas, como foi no carnaval de North Hill Gate, na Inglaterra.

O mais belo do belos - Ilê Aiyê

Quem já foi ao carnaval da Bahia conhece a música Mundo Negro, um dos hits mais tradicionais do Ilê Aiyê, lançado em 1975, na estreia do bloco. Com 35 anos de vida, o Ilê é o mais antigo bloco afro do Brasil.

Na luta para preservar a tradição africana no carnaval de Salvador, o bloco leva cultura e muita beleza para a avenida. Impossível não se emocionar quando ele passa!



"O mais belo dos belos", como é conhecido, tem um ritual diferente. Na ladeira do Curuzu, na Liberdade, seus associados se encontram com baianos e turistas e pedem permissão aos orixás para sair às ruas. Na folia de momo, sai no Pelô e no Campo Grande.





Apaches e Comanches

 Na folia deste ano, estará nas ruas outra vez o bloco de índios Apaches do Tororó – duas décadas depois, sair na avenida continua sendo uma verdadeira prova de resistência. Com o lema “O Apaches de volta. Apaches forte, você forte”, o bloco remete à tristeza do ano passado, por não ter conseguido sair.

Inspirado nas tribos indígenas dos filmes americanos o Apaches sai às ruas para denunciar a exploração histórica sofrida pelos povos negro e indígena.

Desde sua fundação, em 1968, o bloco impulsionou o surgimento de vários outros grupos do gênero, além de ter revelado compositores de sambas que ficaram na memória dos foliões, a exemplo de Nelson Rufino, Jair Lima, Paulinho Camafeu e outros do calão.

Em extinção

Pelo menos até 1983, mais de 20 blocos de índio existiram. Destes, só dois sobreviveram: além do Apaches, o Commanche do Pelô, que ainda mantém a média de cinco mil pessoas por dia de festa. Apesar da ajuda que recebem do estado por meio de editais, os blocos ainda consideram a quantia insuficiente. Vale a pena conferir! E, claro, torcer para que essa verdadeira relíquia não siga o mesmo caminho dos outros blocos de índios já extintos.

Sua Majestade, O Rei

Foi-se o tempo em que para ser o Rei Momo era preciso pesar mais de 130 kg. A majestade da folia baiana em 2010 é uma versão mais, digamos... Elegante. Ao menos assim se apresenta Pepeu Gomes, soteropolitano e integrante do grupo Novos Baianos. Pepeu pesa ‘apenas’ 90 quilos e promete inovar: vai entrar no circuito vestindo uma saia escocesa kilt.




O Rei Momo Pepeu Gomes abre oficialmente a festa, na quarta-feira (11/2), às 19h, no Campo Grande (circuito Osmar), quando recebe das mãos do prefeito de Salvador, João Henrique, as chaves da cidade. Também participarão da entrega simbólica o músico Armandinho e os filhos do saudoso Osmar. Logo depois começam os desfiles de blocos e entidades carnavalescas.

Na contramão do Garcia


Todos os anos, os foliões podem conferir o humor e a irreverência do desfile do Mudança do Garcia, bloco de crítica política e social formado por entidades sindicais, partidos políticos, sindicatos, representações dos movimentos sociais organizados, intelectuais, universitários e também foliões que gostam do grupo.

O Bloco Mudança do Garcia não poupa ninguém. O prefeito, o governador, o papa, George Bush, Barack Obama, Lula, a crise financeira mundial, o aquecimento global e a Federação Internacional de Futebol (Fifa).



Esses e muitos outros temas são alvo do humor ácido do bloco que já tem a tradição de não respeitar seu horário de entrar no circuito oficial do carnaval de Salvador, no Campo Grande. Confira a ousadia do bloco.

O Renascer das Cinzas

Depois de seis dias de muita festa, axé e diversão, o carnaval de Salvador sempre acaba com mais festa. O tradicional Arrastão de Carlinhos Brown acontece desde 1994 e celebra o encerramento do grande carnaval da cidade.




Neste ano, o compositor Carlinhos Brown pede a todos os foliões que se vistam de roupas na cor azul durante o arrastão de cinzas, na quarta-feira (17), como um pedido de boa sorte para a Seleção Brasileira na Copa do Mundo.








Enfim...Axé...Tororó...Borogodó...Olodum...Ilê...Pelô...Dodô e todos os yoyôs e Yayás.
Que venham os gritos e atritos do Carná .



Viva a Vida e todas as suas manifestações!




Texto: Queila Levinstone


ClickComments