sábado, 20 de setembro de 2008

Abrindo o Baú














Com a industrialização das roupas e a massificação das tendências da moda tudo que é feito à mão está sendo super valorizado. A simplicidade dos pontos artesanais do crochê ganha status e passa a ser chique.A mania ganhou repercussão internacional quando o estilista americano Marc Jacobs e a italiana Miuccia Prada criaram roupas e acessórios com acabamentos em crochê. Com uma atitude moderna e visual renovado pelos estilistas o crochê sai do fundo do baú com todo o charme e a singularidade de um produto feito à mão do início ao fim.

Vestido de Jean Paul Gaultier


Apesar de jamais terem sido abandonados pelas agulhas das vovós, os pontos de crochê, eram, até pouco tempo, considerados ultrapassados itens alternativos em nossos guarda-roupas.Na passarela urbana, eles esbanjam graça e romantismo.


As técnicas não se aliam apenas às peças de roupas, mas aos acessórios: broches, bolsas, faixas para os cabelos, jóias e sapatos também embarcam na atmosfera nostálgica. O glamour de cada item fica por conta dos pontos em uma diversidade inesgotável. Ajustados às propostas contemporâneas, os crochês aparecem cheios de penduricalhos decorativos - o que confere identidade à peça.



Nem os sapatos e sandálias da linha retrô escapam à forte tendência. Além de uma intensa vivacidade, as coloridíssimas e delicadas flores em crochê sugerem um toque bucólico aos modelos arredondados da marca Ferrucci.









E se as técnicas jamais sofrem alterações, os materiais é que começam a ser substituídos. Da união de fios de palha, algodão e seda, os estilistas criam maravilhas, revelando assim uma nova possibilidade de trabalho.

Ousadia que abre portas para produções rústicas e sofisticadas.Com toda essa diversidade em criação, investir no crochê pode ser uma idéia sedutora, que valoriza o conforto e a arte na hora de se vestir.

Texto: Cinthia Albuquerque

Fotos: Internete

domingo, 14 de setembro de 2008

Que Pai é esse...Tão Belo? (Parte II)

Eu sou mesmo uma felizarda, sou rodeada de irmãos poetas, sobrinhos pintores, primos cantores- compositores e por aí vai. É uma família de artistas, ou pelo menos de pessoas sensíveis às mazelas humanas, doando uma parte de si em busca dos mistérios da alma.


Continuando as homenagens ao nosso pai, meu irmão Zirnaldo explode suas emoções de saudade nessa segunda parte, agora mais voltada a prosa, e mais uma vez, cheia da amor e devoção a um pai que se foi.

MEMÓRIAS DO SAUDOSO BIDA

Por Zirnaldo Rocha

ELE tinha muitos apelidos carinhosos:
Bidão, Bida, Bid, Dedé, Vovô Bida, Vovô da Bahia, Bio, Capitão, mestre...


O seu nome de registro foi inspirado num personagem grego por nome Alcebíades (o que parece explicar o seu senso de filosofia – vinda da fonte – e da sua sabedoria de berço, cujas colocações de vida nos surpreendiam e nos faziam perguntar: ‘como aprendeu esses princípios e colocações tão acertadas sobre a vida e condutas humanas, sem ter o primário completo e sem nenhum contato com a leitura de livros de autores famosos?)

O Alcebíades grego foi um guerreiro lutador – o Alcebíades, meu pai, também...
O Alcebíades grego vem da palavra “Alkibiades” que significa; violento e generoso.

Violento, todos sabemos que meu pai não foi – ele foi, isto sim, bravo quando contemplava o seu direito, ou o direito do semelhante desrespeitado, tolhido... Aí, ele virava uma fera – quase violento mesmo!

(Mesmo sem ter lido a Bíblia, ele aplicava na prática o princípio divino que diz: “Irai-vos e não pequeis; Não se ponha o sol sobre a vossa ira” – Efésios 4:26).

Generoso como o Alcebíades grego, ele foi – e como foi! Que o digam as pessoas ajudadas por ele: parentes, vizinhos, pessoas em geral que o conheceram e foram beneficiadas por ele; estudantes carentes, famílias pobres, viajantes sem o dinheiro da passagem, famintos sem o pão, sem a roupa e o teto, os doentes sem remédios...

Quando passamos com ele um mês em Salvador, cuidando dele em substituição dos cuidados do meu irmão Gélbio, que se encontrava em tratamento de saúde, todas as noites eu o chamava ao alpendre da casa e lhe dizia: “Pai, sente-se aqui, vamos “bater papo” sobre a vida, o passado, a família”.

Ele sempre respondia com um termo pitoresco e muito próprio do vocabulário dele – nós ríamos felizes ao ouvir sempre a sua resposta invariável, um sonoro “QUÁ...!”

Embora sua resposta fosse sempre esta, ele complementava: “vou ali buscar a minha bicicleta”
– ou seja, a sua confortável poltrona com rodinhas (presente do Gélbio) – aí, então, ele se assentava e começávamos o nosso colóquio vespertino.


Uma noite, relembrando o seu lado generoso com as pessoas, eu lhe disse: ‘Pai, o senhor sempre foi um homem generoso, brilhante na bondade com as pessoas, eu me lembro bem disto pai, como os vizinhos, parentes e pessoas simples falavam isto, exaltavam este lado bom do senhor, do seu coração benévolo e sensível...’

Sua colocação, em resposta à minha fala, me encanta até hoje, me enobrece pela expressão da sabedoria do meu pai, do seu equilíbrio emocional, da sua coerência, embora fosse um homem com noventa e quatro anos de idade e tivesse perdido quase completamente a memória, a ponto de não reconhecer até as pessoas mais íntimas da própria família.

Ele respondeu com sabedoria: “É, meu filho, uns dão muito, e outros recebem tão pouco... Infelizmente assim é a vida...!”

Quando falava com ele do trabalho que demos como filhos, ele respondia com muita sinceridade e resignação: “É verdade, vocês me deram muito trabalho, mas tudo já passou, não é?”

Ah! Nosso querido pai, você nos deixou sem a vida ao seu lado – contudo, temos o consolo da sua lembrança generosa, da sua alegria e gratidão contagiantes, do seu maravilhoso senso de humor, das suas “tiradas” fantásticas e, o mais importante, a lembrança do seu caráter honesto, terno e dócil como uma criança...

Bem disse Coelho Neto:

“O corpo que morre
é como o frasco de fina essência que se quebra,
deixando a casa por muito tempo impregnada de aroma,
até que tudo vai se desvanecendo,
ficando apenas a saudade,
que é a memória do coração.”

Nosso pai Bidão foi esse frasco – do tamanho de um jarro de flores – de fina essência, cujo perfume de vida nunca deixará de impregnar a nossa existência, a nossa lembrança e o sentido do nosso coração.

sábado, 6 de setembro de 2008

Um Casamento Indiano

A moça Hindu Gowri Vijayakumar conheceu o rapaz americano Joshua Williams na Universidade de Harvard e decidiram se casar. Eles optaram pela cerimônia hindu com aspectos cristãos, para satisfazerem ambos os credos.
Na Índia, dá-se grande importância ao casamento, pois considera-se que a vida em família é o estado natural dos seres humanos, e onde nós temos mais chance de sermos felizes e realizar nossas mais altas aspirações. Isso acontece porque, assim como os seres vivos dependem do ar para respirar, da mesma forma a sociedade depende das famílias para existir.
Os rituais são baseados nos Vedas, no folclore e na mitologia Hindu.


Um casamento indiano tem algumas características bem diferentes de um casório "normal" no Ocidente, a começar pela duração, que é de vários dias. Tudo começa na semana anterior à boda, com alguns rituais ligados à fertilidade, como a decoração das mãos da noiva e suas amigas com belos desenhos de henna. Esse ritual se faz acompanhado por lindas canções nas quais se fala da nova vida de casada que a noiva está começando. Depois disso, há vários encontros, trocas de presentes e brincadeiras, que preenchem os dias que antecedem a festa.



Na cultura hindu, a henna é usada em todos as grandes celebrações religiosas. Nos casamentos, as noivas pintam as mãos e os pés com intrincados desenhos que pretendem simbolizar a força do amor num casamento. Daí que a noiva procure manter as pinturas o máximo de tempo possível.
As outras meninas e mulheres da casa, bem como as amigas e primas, também pintam suas mãos e pés.


Depois, já no local do casamento, dá-se arrumação da noiva e o vestido propriamente dito.

Olha que trança mais linda da noiva! parte dessa trança foi acrescentada ao cabelo natural dela.


As amigas estão vestidas à rigor e são como damas de honra. Em muitas partes da cerimônia, elas vão até o palco onde estão os noivos para darem as suas bençãos.

A cerimônia começa quando o noivo Joshua, entra no templo e pratica alguns rituais junto com o sacerdote ou oficiante, um homem típico indiano, com uma aparência de um guru falando várias passagens védicas, em sânscrito. Depois, os pais da noiva pede a permissão da audiência e as bênçãos do Deus Ganesha para começar o casamento.
Entra a noiva Gowri, escoltada pelo tio maternal, a irmã e suas primas.
(Olha nós na audiência!)
Membros da família segura uma tela prá prevenir que os noivos se vêem. O noivo pede que a noiva olhe com amor e compreensão. A tela é tirada e os noivos jogam sementes de cumim um no outro. De acordo as crenças populares, aquele que for mais rápido e jogar primeiro irá dominar o casamento, mas quem é o vencedor, é sempre debatido.

Joshua põem uma guirlanda de flores em Gowri e vice-versa, simbolizando fertilidade.

Os noivos acendem um fogo e oferecem arroz de pipoca e manteiga indiana simbolizando o combustível para uma vida feliz e saudável juntos. Os mantra Védicos cantados nesse fase referem ao Prakriti, a causa material do Universo, e Purusha, a fonte espiritual. A união deles é a beleza da criação.



Os noivos jogam arroz um no outro. O arroz simboliza prosperidade e felicidade.


Os noivos andam em círculo três vezes em torno de um fogo . O fogo é considerado a evidência da energia universal e portanto uma testemunha infalível. A noiva dá 7 passos, correspondendo aos 7 votos tradicionais. Depois os noivos recitam os votos em Sânscrito e Inglês:
1. Que o primeiro passo nos dê saúde.
2. Que o segundo passo nos dê força.
3. Que o terceiro passo nos possibilite seguir as regras do darma (deveres).
4. Que o quarto passo nos dê felicidade.
5. Que o quinto passo nos dê prosperidade.
6. Que o sexto passo nos ensine conviver em harmonia com a Natureza.
7. Que o sétimo passo nos possibilite preencher nossas obrigações sociais.
Eles trocam alianças e recitam os votos pessoais que fizeram um para o outro. Agora são marido e mulher.

Depois dos rituais vem a festa. Os noivos trocam de roupa e entram triunfantes no salão.


É hora dos comes, bebes, danças e muita alegria.
Tanto a cerimônia quanto a festa aconteceram num hotel 5 estrelas em Boston. Tudo muito chic e de bom gosto.
A mãe da noiva é colega de trabalho de Don, daí a nossa presença na lista dos convidados.

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