O cérebro só é capaz de funcionar no tempo e no espaço, toda filosofia é limitada por seu próprio condicionamento e as teorias e especulações são urdidas por sua astúcia. É inútil qualquer tentativa de fuga de si mesmo.
Seus deuses e redentores, seus mestres e líderes têm a medida de sua própria mediocridade. Em seu esforço para
superar a estupidez, a eficácia é determinada pelo grau de sua astúcia. Ora buscando, ora pressionando, o cérebro vive na sombra de seu próprio sofrimento, incapaz de transceder a sua futilidade.
A incessante atividade do cérebro, na busca de suas projeções, é inação. As reformas postas em práticas estão sempre precisando de novas reformas. Acorrentado ao círculo vicioso da ação e inação, o pensamento é o desdobramento de seus sonhos.
Ativo ou inerte, nobre ou ignóbil, é infinita a sua superficialidade. Incapaz de escapar de si mesmo, vive na sordidez de sua virtude e moralidade. Só lhe resta permanecer completamente imóvel, o que não deve ser confundido com inércia e indolência. Esta imobilidade é a única maneira de se preservar a sensibilidade do cérebro.
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Revela-se, então, o que é: trata-se de um instrumento
mecânico, inventivo, calculista, funcional, cuja perfeição é assombrosa. Como toda máquina, o cérebro é passível de desgaste e morte.
Suas criações pertencem ao campo do conhecido, mas nem a palavra nem as imagens podem captar o mistério da criação.
Jamais conhecerá ele esta beleza, pois a imensidão do indescritível somente aflora na completa imobilidade do cérebro.
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