quinta-feira, 11 de março de 2010

Ayrson Heráclito - um mano qualquer

Orgânico, controverso, poético, destemido, mas sobretudo simples, catingueiro e ao mesmo tempo freudiano - esse é meu amigo de longos tempos, de longos papos, das pedrinhas e prá nao dizer que nao falei das flores - Ayrson Heráclito, para o mundo e Freud prá mim.





Freud é um desses seres que impressiona, que encanta, que contagia; tanto pela sensibilidade, inteligência, veia artística e sobretudo, pela doçura beija-flor: aquele passarinho pequeno mas extremamente forte e veloz.




Só agora recente é que reencontrei essa figura e fiquei a par de suas peripécias artística-culturais, daí a vontade de propagar essa luz para os confins do meu mundinho virtual.
                                                           

Artista Visual , pesquisador e curador. Suas obras, que transitam pela instalação, fotografia, audiovisual e performance, lidam com frequência com elementos da cultura afro-brasileira e já foram apresentadas em mostras nacionais e internacionais: Bienais,Salões, Exposições individuais, e festivais de arte eletrônicas, como a 3 Bienal do Mercosul ( Porto Alegre)2001, Design 21 (Nova York) 2001 e o MIP2 - Manifestação Internacional de Performance (Belo Horizonte) 2009. possui obras em acervos no Museum der Weltkulturen Franfurt na Alemanha, no Museu de Arte Moderna da Bahia, no Videobrasil e em diversas coleções particulares.

Imerso no orgânico, Ayrson vem se lambuzando de açucar com afeto, de tabaco e alforria, sempre preocupado com as raízes negras, brancas, verdes, amarelas, sem cor ou de cor qualquer, ou de cor da terra esquecida nos murais hipócritas dos homens. 

Esse é o  Projeto SACCHARUM MAM- BA



Um deus negro sentado sobre uma saca de açúcar com dreadlocks de fumo de rolo, nina em um quase transe, um pequeno barco de papel feito de uma carta de alforria.

Só prá contrariar, ele se veste de carne prá desnudar a própria carne e expor a violência sofrida nos idos da escravidão passada e atual. É a performance “A Transmutação da Carne”, apresentada no Instituto Cultural Brasil Alemanha (2000). Tudo feito em carne, costurada com barbante.





E no Mip 2 - Bori


 a pipoca poca...



 o quiabo escorrega,



a batata é doce,

o feijão maravilha tutancamon 



o milho desboneca


e lá , no meio do reino vegetal encantado, o guerreiro comanda...







respeitosamente, ritualisticamente, ecumenicamente. Uma mistura de força e espírito criativo do artista, do homem, do Ser.
 
 
                                                                                                                                                               Esse é uma pequena mostra desse universo Heráclito- freudiano que é ao mesmo tempo doce, melado, salgado, gostoso, erótico e bonito de se ver.
 
 
Obrigada amigo por aparecer na minha vida mais uma vez.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

5 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, sou fã e amiga de Ayrson.Inclusive compartilhei sua fala/fotos no meu blog, pode ser?
    Suas obras são minhas inspirações artísticas/criativas.
    Vamos fortalecer a imagem desse profissional baiano "catingueiro".

    Iara Cerqueira

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  2. Claro Iara, fico honrada de ter minha fala no seu blog e adorarei divulgar o trabalho desse grande artista.
    Obrigada pela visita e volte sempre.

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  3. Iara, gostaria de visitar o seu blog, pode mandar me o endereco?

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  4. Ai Queilinha, você me fez chorar no comecinho da manhã se segunda-feira. Que os orixás te abençoe esse povo que proseou nas calçadas das Pedrinha, pegou op caminho do mundo e abriu o coração. beijos, minha agrônoma e artista de cepa.

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  5. Nós enche de orgulho ver uma produção artística tão forte,bonita e significativa de um amigo tão próximo! Recentemente, cheguei no Art Rio e nada me interessou antes de ver o trabalho de Ayrson. Linda sua homenagem, Queilinha!

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