Anos se passaram, o mundo girou e o meu barco tomou outro rumo, aportando-se nos mares nórdicos.
O frio era grande, a saudade imensa e a solidão tentava me dominar, não com depressão ou tristeza, mas instigando a minha curiosidade a buscar outros mundos, outras artes, outras impressões e expressões.
Descobri a Europa e toda sua carga artística, desde Monet, Picasso, passando por Van Gogh e tantos outros. Visitei grandes museus, me encantei com a sensibilidade, imaginação e criatividade de seus pintores.
Depois desse devaneio artístico cultural sobre outros povos, voltei para minhas origens e pesquisei sobre os pintores brasileiros. Achei pouca coisa, até tentei comprar livros aqui e no Brasil , mas novamente a escassez era acintosa.
E aquela textura e cores não saía da minha memória, só que já não lembrava do dono delas. Pensei, será Di Cavalcanti o nome dele? futucava e descobria que não era o caminho. Cândido Portinari? e nada.
E aí assistindo uma reportagem na tv outro dia, ouvi alguém falando sobre a inauguração da nova sede da Fundação Iberê Camargo, e aí Bum!!!! eu descobri o Brasil, aquele da textura e cores da minha memória lá dos anos idos do final da década de 80. Corri ao computador e dei de cara com toda essa beleza e força criadora que tanto me marcou.
São traços fortes, impregnados de paixão, permeando a obsessão; obsessão e tristeza de uma mente conturbada pelos acontecimentos de sua vida pessoal e pelo contexto em que viveu, como diz na frase " "O drama, trago-o na alma. A minha pintura, sombria, dramática, suja, corresponde à verdade mais profunda que habita no íntimo de uma burguesia que cobre a miséria do dia-a-dia com o colorido das orgias e da alienação do povo. Não faço mortalha colorida."
Visitei todos os cantos e recantos virtuais possíveis, só prá conhecer um pouco mais dessa alma ímpar, sensível e buscadora de si mesmo, tão visível em seus muitos auto-retratos e numa de suas frases "Debruço-me sobre este misterioso poço, insondável, que existe em cada homem."
Ele passou por diversas fases em sua arte, desde a figuração da amada, dele próprio aos contornos simples e marcantes....
passando pelo abstracionismo
e até mesmo as paisagens da sua querida cidade natal, interior do Rio Grande do Sul onde passou sua infância.
"O pintor é o mágico que imobiliza o tempo."
Ao longo de sua vida, Iberê Camargo produziu mais de sete mil obras, entre desenhos, pinturas, gravuras, guaches. Somente no acervo da Fundação Iberê Camargo, existem mais de quatro mil desses trabalhos, que estão sendo cuidadosamente catalogados em vista da produção do catálogo raisonnè do artista.
Prá saber mais sobre esse grande pintor visite http://www.iberecamargo.org.br/