sábado, 31 de maio de 2008

Iberê Camargo

Muitos anos atrás, foliando um livro de pintura dei de cara com algumas obras de Iberê Camargo. Elas me impressionaram prontamente e eu não tinha a mínima idéia de quem ele era, o que era expressionismo, ou mesmo grande conhecimento da arte pictórica em geral. O que mais me chamou atenção foi a textura, as cores e a espontaneidade das emoções vindas à tona.














Anos se passaram, o mundo girou e o meu barco tomou outro rumo, aportando-se nos mares nórdicos.















O frio era grande, a saudade imensa e a solidão tentava me dominar, não com depressão ou tristeza, mas instigando a minha curiosidade a buscar outros mundos, outras artes, outras impressões e expressões.












Descobri a Europa e toda sua carga artística, desde Monet, Picasso, passando por Van Gogh e tantos outros. Visitei grandes museus, me encantei com a sensibilidade, imaginação e criatividade de seus pintores.







Depois desse devaneio artístico cultural sobre outros povos, voltei para minhas origens e pesquisei sobre os pintores brasileiros. Achei pouca coisa, até tentei comprar livros aqui e no Brasil , mas novamente a escassez era acintosa.












E aquela textura e cores não saía da minha memória, só que já não lembrava do dono delas. Pensei, será Di Cavalcanti o nome dele? futucava e descobria que não era o caminho. Cândido Portinari? e nada.










E aí assistindo uma reportagem na tv outro dia, ouvi alguém falando sobre a inauguração da nova sede da Fundação Iberê Camargo, e aí Bum!!!! eu descobri o Brasil, aquele da textura e cores da minha memória lá dos anos idos do final da década de 80. Corri ao computador e dei de cara com toda essa beleza e força criadora que tanto me marcou.







São traços fortes, impregnados de paixão, permeando a obsessão; obsessão e tristeza de uma mente conturbada pelos acontecimentos de sua vida pessoal e pelo contexto em que viveu, como diz na frase " "O drama, trago-o na alma. A minha pintura, sombria, dramática, suja, corresponde à verdade mais profunda que habita no íntimo de uma burguesia que cobre a miséria do dia-a-dia com o colorido das orgias e da alienação do povo. Não faço mortalha colorida."






Visitei todos os cantos e recantos virtuais possíveis, só prá conhecer um pouco mais dessa alma ímpar, sensível e buscadora de si mesmo, tão visível em seus muitos auto-retratos e numa de suas frases "Debruço-me sobre este misterioso poço, insondável, que existe em cada homem."












Ele passou por diversas fases em sua arte, desde a figuração da amada, dele próprio aos contornos simples e marcantes....

























passando pelo abstracionismo












e até mesmo as paisagens da sua querida cidade natal, interior do Rio Grande do Sul onde passou sua infância.











"O pintor é o mágico que imobiliza o tempo."
Ao longo de sua vida, Iberê Camargo produziu mais de sete mil obras, entre desenhos, pinturas, gravuras, guaches. Somente no acervo da Fundação Iberê Camargo, existem mais de quatro mil desses trabalhos, que estão sendo cuidadosamente catalogados em vista da produção do catálogo raisonnè do artista.



Prá saber mais sobre esse grande pintor visite http://www.iberecamargo.org.br/

domingo, 25 de maio de 2008

Re-criar

Eu fico intrigada com a imaginação humana! O Homem tem destruído tudo que está ao seu alcance, mas em contra-partida tem tentado virar o curso dessa ameaça. Isso se aplica a todas as áreas, tanto na destruição, quanto na construção. E crochê também tem feito sua parte. É o re-criar a partir de materiais, que a princípio não tem nada a ver com essa arte.


Vejam que flor mais linda e singela! é feita de lacre de latinha de cerveja ou refrigerante.

Agora, olhe prá esse vestido, é uma verdadeira obra de arte! e todo feito de crochê com lacres.
E essa criatividade não pára aí. "Nada se perde, tudo se transforma", já dizia um desses cientistas loucos, que de louco não tinha nada ( talvez um pouquinho) , mas a sabedoria dessa afirmativa é de deixar qualquer filósofo de queixo caído.
Veja essa toalhinha amarela. O centro é um CD usado, desses tantos que nós inutilizamos quando vamos gravar algo que não dá certo. Em vez de jogar fora, que tal fazermos essa peça e usarmos por muitos anos mais?


E tem mais....
Essas bijouterias foram feitas a partir de embalagem de café, biscoito. Aquelas brilhantes, que nem prestamos tanta atenção assim. É só cortá-las em tirinhas e tcham!!!! virou uma "linha" metálica super charmosa. Além de serem grátis, estamos ajudando o meio-ambiente a desintoxicar.







Vejam que bolsa e cinto mais lindos! novamente é o lacre de latinha fazendo sucesso, quando a criatividade é exercida.






Esse chapéu encantador é feito de embalagem de plástico, essas de supermercado que temos de montão em nossas casas, que sempre vão para o lixo, ajudando a fazer dos rios, mares, encostas um verdadeiro PINICÃO!!!!!





É só usar a imaginação e reverter essa maldição dos nossos tempos, basta cada um fazer sua parte e, como crocheteiras que somos, estamos tentando contribuir com arte, função ,beleza e menos lixo na nossa casa planetária.









Mais uma belezura feita de lacre de latinha!







E mais uma.....




Os exemplos não páram aí. Esses só são uma pequena amostra do que pode ser feito com toda essa porcaria que criamos.
Prá saber como as peças são feitas visite o site http://falandodecrochet.blogspot.com/search/label/CROCHE%20DE%20LACRE

sábado, 17 de maio de 2008

Um livro espetacular!!








Eu já li 4 vezes! já recomendei para meio mundo! já dei para um mundo e meio! e agora estou estudando capítulo por capítulo através do site de Oprah e podcast da Itunes. O nome de tamanha jóia em português é "O despertar de uma nova Consciência" e o autor é Eckhart Tolle.






Eckhart Tolle nasceu na Alemanha, onde passou os primeiros treze anos de sua vida. Depois viveu na Espanha dos 13 aos 19 e em seguida mudou-se para Londres onde graduou e tornou-se supervisor de pesquisa na Universidade de Cambridge. Dos 13 aos 22 anos não teve nenhuma educação formal, recusando ir à escola por causa do "ambiente hostil", mas durante esse período buscou seus "próprios interesses". Quando tinha vinte e nove anos, uma transformação espiritual profunda ocorreu, dissolvendo sua identidade velha e mudando radicalmente o curso de sua vida. Os próximos anos foram devotados a compreender, a integrar e a aprofundar essa transformação, que marcou o começo de uma viagem interior intensa. Eckhart Tolle não é afiliado a nenhuma religião ou tradição particular. Seus ensinamentos possuem uma mensagem simples, contudo profunda, de uma claridade intemporal e descomplicada dos mestres espirituais antigos. Eckhart está viajando atualmente extensivamente, levando seus ensinamentos pelo mundo inteiro.



Numa dessas viagens, Eckhart foi convidado por Oprah prá participar de um curso imprecedente, discutir seu livro "O despertar..." com uma audiência mundial, através da internete .


Mais de um milhão de pessoas registrou prá esse curso ,de todos os lugares do planeta, inclusive do Brasil. Por "acaso", futucando a loja do Itunes prá comprar um livro, sem querer, fui até a secção de Podcast e lá encontrei o de Oprah e Eckhart. Foi paixão a primeira vista! de lá prá cá, não tiro meu Ipod do ouvido e aprendo cada vez mais sobre o complicado e astucioso mundo do Ego e suas implicações. Pena que é em Inglês, e muitos de vocês não dominam a língua, mas aconselho àqueles que sabem esse idioma a ouvir essa beleza.




Prá lhe dar uma idéia do conteúdo do livro, traduzi alguns trechos:











" Não importa o que você tem ou consiga, você nunca está satisfeito. Você sempre estará procurando algo mais que lhe realize, que preencha seu sentimento de vazio interior."






" Não reação ao ego do outro é uma das maneiras mais eficazes ,não somente de ir além do ego em si mesmo, mas igualmente de dissolver o ego humano coletivo. Mas você só pode estar em um estado de não reação se poder reconhecer que o comportamento "irritante" de alguém está vindo do ego, e é uma expressão da disfunção coletiva humana. Quando você perceber que essa irritação nao é pessoal, você não reagirá a esse comportamento e o ciclo da desarmonia pára aí."





" Há o sonho, e há o sonhador do sonho. O sonho é o breve jogo no mundo das formas. É o nosso mundo - relativamente real mas não absolutamente real. Então há o sonhador, a realidade absoluta em que as formas vêm e vão. O sonhador não é a pessoa. A pessoa é parte do sonho. O sonhador é o substrato em que o sonho aparece, que faz o sonho possível. É o absoluto atrás do relativo, o atemporal atrás do tempo, a consciência atrás das formas. O sonhador é a própria consciência - quem você verdadeiramente é."








" As pessoas inconscientes - e muitos permaneçem inconscientes, presos em seus egos ao longo de suas vidas - di-lo-ão rapidamente quem são: seu nome, sua ocupação, sua história pessoal, a forma ou estado de seu corpo, e qualquer outro aspecto que se identifiquem. Outros podem parecer mais evoluídos porque acham que são uma alma imortal ou um espírito vivo. Mas será que sabem realmente, ou apenas adicionaram algum conceito espiritual ao conteúdo de suas mentes? Conhecer a si mesmo vai muito mais além do que a adoção de idéias ou opiniões. As idéias e as opiniões espirituais podem no melhor dos casos ser indicadores úteis, mas raramente conseguem mudar os conceitos mais firmes e estabelecidos do seu âmago que você pensa que você é, que faz parte do condicionamento da mente humana. Conhecer-se profundamente não não tem nada a ver com as idéias que estão flutuando ao redor em sua mente. Conhecer a si mesmo deve ser enraizado no ser e não na mente."



Enfim... leiam o livro e tirem suas próprias conclusões.





























































































sábado, 10 de maio de 2008

O Bebedor de Shampoo



Ele dobrou a esquina com 94 anos,
Ainda tinha gosto de putaria
Nas partes.
Falava palavras soltas
Que se emendavam no ar.
Eu, atento, as respirava
E as atiçava no papel.
E o papel as chamava e chama
De poesia.
Quando elas reunidas,
Untadas, ainda sem sentido,
Dentro da folha,
Que pode ser verde,
Azul ou branca,
Ou outra cor de mar em frente,
Itapuã.
Untadas, mesmo sem sentido.
Mais belas, mais aves,
Mais mar...
Um dia ele estava
Com os "zoim" percorrendo
A empregada nova.
Sentado em frente,
De pernas cruzadas
E os "zoim" correndo
Onde a empregada nova ia.
Perguntei na bucha:
O que o "Sinhô" está apreciando aí, Pai?
Ele na bucha disse:
Tô apreciando o "restim" da minha vida.
E lá vinha a poesia me "futucá" novamente.
A mesma de antes,
Aquela que quando juntava palavras
Que meu pai soltava no ar.
Aquela, a mesma poesia
Que meu pai me ensinava sem perceber.
Dentro do "restim" da vida.
Mais belas, mais aves, mais pai.
O mesmo que dobrou a esquina com 94 anos.




E aí, Pai? Como o "sinhô" vai?
Ele lá olhando o infinito
Bem em frente ao mar na varanda,
Dizia:
Tô aqui entregue à "mamãe sacode".
Eu ficava atônito
E recorria ao meu irmão
Gelbinho
Irmão sabido de verdade
Sabido das letras
Pedra e terra
Sabido de meu pai.

E aí, Gelbinho!
Por que chama a "véia da foice"
De "mamãe sacode"?

Meu irmão me enrolava
Com a sabedoria dele.
Sabedoria de pedra
Terra e pai.
E minha cunhada
No fundo só ria.




E lá vinha a poesia me "futucá" novamente.
A mesma de antes.
Aquela que quando juntava palavras
Que meu pai soltava no ar.
Aquela, a mesma poesia
Que meu pai me ensinava sem perceber.
Dentro do "restim" de vida.
Mais belas, mais aves, mais pai.
O mesmo que dobrou a esquina com 94 anos.
Menino ainda
Menino muito mais,
Pois o olhar não mentia a idade.




Outra feita:
E aí, pai! como o "sinhô" vai?
E ele lá, olhando o infinito,
Bem dentro da varanda,
Bem frente ao mar,
E os passarinhos voando em volta,
Voando dentro dos olhos,
Voando na sabedoria
De um olhar menino,
Respondia:
Sei como é que tô não.




Naquele momento,
Mamãe sacode tinha dado um tempo.
Ou tinha ido em frente
Beber outra vida,
Molhar os pés no mar.

Um dia
Ele querendo beber uma coisa
Entrou no banheiro
E bebeu shampoo.
O povo correu para acudir
Pois a boca espumava
Espuma azul
E na boca nem cabelo tinha.
Principalmente a dele.
Da cabeça aos pés
Tudo liso.
Tudo calvo.
Só não era calva a sabedoria de menino
Que ele carregava.
Sabedoria pura
Sabedoria de beber shampoo azul
Como o mar em frente
E o céu em cima.
Como o coração azul do poeta
Que eu carrego
E que não é meu
Veio de lá
Do coração vermelho do meu pai.




Tô escrevendo agora.
Do mesmo jeito
Que algumas lágrimas caem dos meus olhos
Molhando a boca
Molhando o papel.
Escrevendo pai
Escrevendo meu coração
No coração lá dele.
Meu pai tinha um coração maior que tudo.
E que me desculpe o mar,
Mas o coração de meu pai
Era bem maior,
E tinha ondas também e banhavam as pessoas
Que chegavam.
Mulher?
Era a que ele mais queria banhar
De amor, carinho, afago, cafuné.
Minha mãe não gostava muito daquele amor estendido.
Mas meu pai não tinha jeito.
Era só chegar uma empregada nova
Que os "zoim" brilhavam,
Pois o amor estava na memória.
Amor a gente nunca esquece.
A poesia não deixa.
O menino que se alojou naquela morada
De 94 anos, também não deixava.
Ele tinha um coração azul,
Bem maior que o mar.
E tinha ondas também que banhavam as pessoas...



Cheguei à noite do trabalho.
E o povo me contou a estória do shampoo.
Fui lá perguntar:
E aí, pai! por que o sinhô bebeu shampoo?
E ele lá, olhando o infinito
Bem dentro da varanda,
Bem em frente ao mar:

Mas, moço, qualquer um bebia
Pois aquele shampoo todo azuzim
Era bunitim demais.




Meu pai era assim.
Meu pai bebia shampoo
Pois o mesmo tinha a cor do mar
Tinha a cor do céu
Tinha a cor do meu coração
Que também é azul.
A poesia é azul.
Tudo é azul
E meu pai muito mais...
Meu pai tinha um coração bem maior que o mar.
Eu sei disso
Ele sempre me diz em sonhos.




Talvez um dia eu volto a falar de meu pai.
Agora não dá.
Uma enxurrada no momento corre pela face,
Molhando a boca,
Molhando o papel,
Molhando o chão,
Mesmo ele estando na memória.
Eu sei que o amor a gente nunca esquece,
Mas não controlo meu choro,
Uma saudade bateu.




Jean Claudio (8 e 9 de maio de 2008)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O Céu e a Nuvem



Existem dois fenômenos, o céu e a nuvem. A nuvem vem e vai. O Céu nunca vem e nunca vai. Algumas vezes a nuvem estará lá e algumas vezes não estará lá;
é um fenômeno temporal, é momentâneo.



O céu está sempre lá: é um fenômeno atemporal, é eterno. As nuvens não podem corromper o céu, nem mesmo nuvens negras podem corrompê-lo. Não existe nenhuma possibilidade de corrompê-lo. A pureza do céu é absoluta, a pureza dele é intocável. A pureza do céu é sempre virgem, você não pode violá-lo.



As nuvens podem ir e vir e elas têm ido e vindo, mas o céu permanece tão puro como sempre foi. Nem mesmo um traço dele é deixado para trás.



Então existem duas coisas na existência: aquelas que são como o céu e as que são como as nuvens. Os seus atos são como as nuvens, eles vem e vão. Vocês? Vocês são como o céu: Vocês nunca vêm e nunca irão. O seu nascimento, a sua morte, são como as nuvens, acontecem. Vocês? Vocês nunca acontecem: Vocês sempre estarão aí. Coisas acontecem a você, você nunca acontece.



Coisas acontecem a você do mesmo modo como as nuvens acontecem no céu. Você é um observador silencioso de todo o jogo das nuvens. Algumas vezes elas são brancas e belas e outras vezes elas são escuras e sombrias e muito feias.



Algumas vezes elas estão cheias de chuva e outras vezes simplesmente vazias. Algumas vezes elas causam um grande benefício à terra e outras vezes um grande prejuízo.



Algumas vezes elas trazem enchentes e destruição e outras vezes elas trazem vida, mais verde, maior colheita.



Porém o céu permanece o mesmo todo o tempo: boas ou ruins, divinas ou demoníacas, as nuvens não o corrompem.



As ações são nuvens, os feitos são nuvens.
O Ser é como o céu.


Texto: A visão Tântrica ( Osho)

ClickComments